11 de novembro de 2010

Expressividade artística em uma época de Reprodutibilidade Técnica

Fala aí Galera!!!

Essa semana bolei uma dissetação falando um pouco sobre a arte em um âmbito geral e a situação atual em termos de cultura na qual a mesma se encontra... espero que gostem!!!


Expressividade artística em uma época de Reprodutibilidade Técnica

A arte em geral, seja ela uma pintura, música, expressão ou qualquer conceito nesse âmbito, provoca, instiga, sensibiliza e persuade as pessoas, influencia e interage com o ser humano de alguma forma, o uso das cores provoca uma sensação quando olhamos uma determinada pintura, por incrível que pareça mesmo sendo invisíveis aos nossos olhos os acordes texturizados em uma peça musical também gera vibrações no ser humano, sensibiliza, incomoda, relaxa, faz chorar, faz rir, esse é o universo da arte.
O que é arte? Uma pintura, uma música, talvez não, a concretização mais ideal da arte é aquilo que essas obras provocam nos seres humanos.
De uma forma mais teórica podemos definir a arte em três elementos, aura, valor cultural, autenticidade, falando agora um pouco mais direcionado para a arte clássica, esses três elementos definiam esse conceito de beleza, cada um com sua função, a autenticidade está diretamente relacionada com a originalidade de cada arte, o fato dela ser única, renovada, aquilo que é novo que é ousado geralmente provoca um impacto maior em quem vê. O valor cultural se define pela representação para quem vê, de acordo com a vivência de cada um possuímos visões diferentes de uma mesma coisa, a aura, talvez ela um ponto muito importante da arte, pois ela é tudo o que vimos acima, ela é o elemento que provoca, que instiga, que desperta, trazendo como resultado uma expressividade diferente de cada um que ouve, sente e vê a arte, pois a aura está muito atrelada com toda a questão do valor cultural, onde a singularidade de experiências trará sempre um resultado impar, então podemos até concluir que essa definição de beleza, esse enquadramento conceitual pode estar errado ou até mesmo sendo paradoxal, de certa forma sim, ele não define por exato esse conceito de arte clássica, definir a arte é algo extremamente difícil, conceitua lá , padroniza lá é talvez algo que não exista, pelo simples fato de estarmos trabalhando com sensações, vibrações e emoções, é a aura agindo junto com o valor cultural e isso nos trás uma amplitude muito grande de conceitos e definições que nunca conseguem ser exatas e pragmáticas.
Saindo um pouco da área artística a arte também gerou sua influência na indústria, essa movida pela massificação e reprodução de conteúdos faz com que a arte perca aquilo que chamamos por aura, ela passa a ser comum a ser um conteúdo massificado sem magia e efeitos culturais e emocionais, quando a arte se populariza cai no senso comum, desmistificada e transformada em produto ela perde o seu valor e passa a ser mais um produto etiquetado nas prateleiras do capitalismo contemporâneo.
A arte passa por estágios, primeiro ela é concebida criada, elaborada por alguém, cai no mercado, se torna popular encontra- se com o auge, vende, trás lucro, trás popularidade e depois some, exemplos temos infinitos, ainda mais no mundo cibernético que vivemos hoje, onde as informações giram muito rápido diariamente somos massificados via e-mail, via redes sociais por conteúdos e conteúdos que por ação da massificação industrial muitas vezes passam até despercebidos. A reprodução mercadológica tira sua beleza, pois age diretamente na autenticidade, valor cultural e aura, vemos que tais fatores estão muito atrelados entre si, se um é afetado, os outros também são, supondo que temos um produto novo, uma idéia, uma pintura ou uma música seja qualquer que for a expressão artística em foco, quando ela é criada, não está no mercado, está ao olhares de poucos ela tem um impacto cultural, um valor, uma aura mesmo, um efeito para quem vê, logo quando ela entra no mercado, passa a ser massificada e a ficar exposta á todos os olhares ela perde seu valor, perde esses três elementos que são vitais no que podemos ter como ‘conceito’ cultural.
Podemos citar vários conceitos artísticos que antes eram algo comum de um grupo e hoje fazem parte da massa, a música sertaneja que antes contava a história da dura vida no sertão hoje relata assuntos bem menos conteúdistas e construtivos tornou – se algo senso comum, adaptou – se as grandes massas para que fosse consumida pela grande maioria, isso acaba com o conceito de arte e a transforma em um produto. Infelizmente o conceito que temos de arte, algo impactante, renovado não é páreo para a necessidade do capitalismo moderno, tudo vira produto, tudo vira lucro.
O mundo se transforma e hoje ele gira constantemente renova conceitos e de uma forma cada vez mais instantânea muda aquilo que é midiático, muda – se também o conceito de arte, será que os jovens de hoje tem a mesma concepção da arte clássica na qual o valor que ela tinha na sua época, será que o jovem que vai a balada de sábado a noite sabe a real referência de um remix de uma peça clássica de Beethoven ou Mozart?
O que temos hoje é uma inversão de valores, temos um novo valor, uma nova noção do que é arte, novas técnicas, novas tecnologias, novos momentos cimentaram, aquilo que tínhamos como massificação e distorção de conteúdos em uma nova concepção de arte, então hoje a versão remixada de peças clássicas já não é mais uma inversão de valor criada pela necessidade capitalista em transformar a arte em produto, hoje essa transformação passa a ser uma nova concepção de arte, até mesmo por que o público a usufruir dessas artes, ou informações por muitas vezes desconhecem a verdadeira origem de uma arte clássica.
É nesse patamar que vemos a arte hoje, produção em série, voltando no exemplo do sertanejo, cinqüenta anos atrás essa música não saía do sertão, não era vista nos grandes pólos comerciais, hoje o sertanejo está infiltrado em tudo, nas universidades, nas festas, na internet, com uma nova ideologia, uma máscara, onde os que usufruem desse tipo de ‘arte’ mal sabem a origem daquilo que estão absorvendo, essa é a nova arte, o novo valor cultural, totalmente readaptado que em muitos casos não chegam nem a lembrar sua verdadeira origem, ainda mais catastrófico chegam a ser contraditórios em termos idealísticos com tal origem.
Essa capacidade de se transformar e readaptar antigos conceitos teve seu início no século XX, tal época onde as técnicas de reprodução atreladas com a tecnologia e com a rapidez da informação difundiram um novo caminho cultural, um caminho da renovação instantânea, hoje além de se aplicar várias artes clássicas com todo conceito ideológico e visual remodelado se aplicam em cima disso, novos conceitos originais de arte, como dito nos exemplos anteriores, muda-se tanto que se perde o laço com sua fonte, ou matriz artística.
Dentro de um contexto histórico os desvios artísticos ocorrem de acordo com momento e situação vivida, a arte é expressão então ela se desenvolve dentro dessa questão momentânea, o momento vivido que trás a liberdade de pensamento para se criar algo que em termos de arte seja a necessidade do momento, por isso a razão da adaptação um número clássico de Beethoven no atual mundo cibernético não iria se propagar iria continuar confinado dentro dos conservatórios musicais, mas se remixar tal peça ela se disseminará mesmo que muitos nem saibam a fonte dessa ‘nova arte’.
Acaba também renovar todo o conceito que forma o quesito arte, hoje temos novas definições para autenticidade, aura e valor cultural, no geral não foi só a arte que mudou ao longo dos grandes períodos históricos a maneira de ver a arte também muda, a maneira que é vista, sentida e passada hoje é totalmente diferente, atualmente passe-se a se enfatizar mais o valor expositivo do que o valor de culto, a arte não precisa mais ser intrigante e inteligente, na verdade muitas vezes ela tem que ser burra para ficar em foco da grande massa por cada vez mais tempo, esse é o valor expositivo, não interessa o quanto precário em termos intelectual é a arte o que ela precisa ser é comercial.
A arte seja ela pintura, música, escrita, entre outra que é complexa, na qual sua mensagem é de difícil compreensão passa por um processo de desmistificação e popularização para que ela fique mais digerível, isso que a torna comercial, isso que faz com que ela deixe de ser arte e passe a ser um produto estocado, logo nesse processo ela perde seu valor cultural, o que faz com que sua aura deixe de existir, e sendo massificada pela indústria moderna ela também perde seu fator autêntico resultando em uma inversão de valores, em uma nova arte, uma arte onde há mais artista do que público.
A popularização dos meios, e também a internet faz com que a arte tenha um sentido mais palpável, construir uma obra de arte hoje e divulga- lá ficou muito fácil um segmento artístico que ilustra muito bem essa realidade é o musical, com softwares e internet ficou muito mais fácil gravar e propagar as músicas, hoje existe uma infinidade de artistas distribuídos entre os mais diversos nichos musicais, temos portais virtuais especializados em acolher esse universo artístico, aí temos uma grande massa de artistas, uma grande quantidade de informações que pela própria democratização da arte, por muitas vezes são informações pouco construtíveis que atinge uma grande massa, e cada vez mais esse número de artistas aumenta, caímos então nessa outra inversão de valor, o que antes estava na mão de poucos sendo distribuída para um grupo seleto, hoje está na mão de uma grande demanda de artistas, e essa demanda está sempre aumentando, estaremos em um ponto onde teremos mais arte que público.
A internet também acelerou a mídia escrita, centenas e centenas de portais informativos, milhares de milhares de escritores e pseudo-escritores dissertam sobre assuntos cada vez mais diversificados, muitos deles seja na escrita, pintura, música não são conferidos, ou quando vistos, ouvidos ou lidos são rapidamente descartados devido a grande demanda informativa no sentido artístico.
Muita coisa hoje devido essa grande demanda informativa é absorvida e as vezes não percebemos e passamos a reproduzir sem mesmo saber do que se trata, principalmente no que se refere as grandes massas, o público quando lê, ouve ou interpreta na verdade ele procura apenas aquilo que gosta, e a grande maioria não gosta de ser instigada intelectualmente falando, o que no caso é a grande lubricidade da arte, provocar o senso crítico, nisso a arte se concentra para poucos, então ela acaba deixando de lado certas exigências e passa a se aproximar cada vez mais do público, dessa forma temos a arte se difundindo dentre as grandes massas, não é mais o indivíduo que procura arte e sim a arte quem bate em sua porta, claro, que de uma forma ideológica muito mais superficial, a sociedade de um modo geral ainda não está madura pra receber aquilo que realmente é arte, então ela tem que se moldar de acordo com as necessidades e costumes da massa, hoje tudo o que se imagina é mercantilizado e a arte infelizmente não foge à regra, vemos então toda uma total inversão de valores quando comparamos a arte hoje com a arte classicista, hoje a arte chega até o público, hoje a arte é volátil e renovável, hoje a arte não tem misticismo, ela é algo superficial, já não está mais ao alcance de todos ela se desintegrou  para que de forma simplificada chegue as grandes massas e se torne um produto de consumo.



 ROCK!!!




Nenhum comentário:

Postar um comentário