11 de abril de 2014

Entrevista :: Ton Dias

Fala Galera!!!!

Seguimos com mais uma entrevista, Ton Dias é um grande luthier/escultor que constrói guitarras personalizadas, verdadeiras obras de arte, já postamos uma matéria sobre seu trabalho aqui no blog, porém hoje Ton fala diretamente ao Guitar Tech sobre seu trabalho e suas obras de arte!



Aproveito o espaço para deixar aqui meu muito obrigado ao Ton!!! pela atenção e disponibilidade em atender o Guitar Tech e também de uma certa forma agradecer por contribuir de forma tão talentoa com o mundo artístico da música!!!! Valeu!!!!


1-) Como surgiu a ideia de unir essas duas vertentes de seus trabalhos artísticos? Faz tempo que começou esse trabalho? Como tem sido aceitação do público?

Vou começar me apresentando: Meu nome é Halston Mendes Dias (Ton Dias). Sou formado em psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais (única formação acadêmica que tenho). Eu comecei a me enveredar na luthieria no final de 2001. De lá até o final de 2011, eu trabalhei apenas com a luthieria convencional, ou seja, reparos, regulagens, construções de guitarras standart, trabalhos de luthieria em geral e o consultório psicológico. As artes visuais apareceram em minha vida apenas em meados de 2011, e só depois disso, no final deste ano de 2011, por sugestões de algumas pessoas, é que eu tive a iniciativa de unir as duas dimensões, luthieria e escultura em madeira. Até então eu, infelizmente, não tenho tido abertura pra mostrar o meu trabalho, nem de arte luthieria nem de entalhe em madeira. Entretanto, creio que são dificuldades naturais que qualquer pessoa passa ao tentar conquistar espaço com um trabalho diferente e pouco convencional. Alguns músicos que tiveram a oportunidade de tocar nas minhas guitarras tem elogiado bastante o meu trabalho, e o público que tem visto as minhas esculturas, também tem me incentivado exaustivamente a continuar com os trabalhos. Esse é o maior incentivo que tenho, e que me faz não desistir de conseguir ir, aos poucos, minando o meu espaço.




2-)Explique um pouco sobre sua filosofia de trabalho, e qual o conceito artístico que você imprime nos modelos que elabora?

O meu intuito inicial é criar instrumentos artesanais que não tenham cara de “instrumento musical feito por dispositivo automatizado industrial”. Não tenho nenhum objetivo de fazer o meu trabalho se parecer com trabalhos de luthieria convencional, pois, em minha opinião, um “artefato luthierístico” que une música e arte (duas das dimensões que mais exercem impacto na mente humana) não pode ser tratado de uma forma convencional. Objetivo, com isso, que o músico que tocar em meus instrumentos sinta que existe ali uma energia humana real que carrega uma mensagem de outro nível de complexidade. Esses detalhes são importantes para aproximar os músicos do objetivo maior do meu trabalho, que é “transportar” para uma “outra atmosfera de realidade” quem tocar nesses instrumentos. Construo essas guitarras não para serem só guitarras, mas para que sejam “elos de comunicação com outras dimensões”. O som que o músico cria é o elo que cria a “fenda dimensional”, e a guitarra é o ”artefato” que possibilita essa comunicação. Quero compartilhar com os músicos essa magia que passou a fazer parte de minha vida desde que comecei a fazer os meus trabalhos de entalhe.




3-) Você apenas constrói guitarras, ou também trabalha com outras produções de instrumento?

A minha experiência luthierística é com a luthieria de eletroacústicos, mais especificamente guitarras, que são uma grande paixão minha desde a minha adolescência, pelo fato de ser um instrumento que carrega em si um ideário libertador e subversivo. Porém, eu não teria problemas em construir contrabaixos elétricos com esse conceito. Nunca fiz nenhum contrabaixo escultura. Apenas contrabaixos standart. Mas não veria problema algum em fazer um trabalho com essas características, ou mesmo outros projetos artísticos musicais com esse conceito.




4-) Possui alguma parceria ou endossa algum artista, afim de explorar novos mercados de trabalho?

Até então, eu não consegui construir nenhuma parceria neste sentido. Esse é um dos meus objetivos, que, aos poucos, quero conquistar. Algumas sondagens surgiram, mas nada de concreto foi formalizado. Apesar de tudo, acredito muito que eu tenho capacidade e potencial pra alcançar uma parceria que possa ser proveitosa para mim e para todas as partes envolvidas.




5-) Sua arte costuma ser mais minuciosa em relação aos modelos standards que conhecemos, por ser um trabalho diferenciado e artisticamente mais elaborado, você possui técnicas ou modos de construção distintos dos modelos comuns?

Existem diferentes caminhos pra se conseguir construir um instrumento musical, e cada luthier tem sua forma particular de trabalhar. Não tem nada de excepcional no método luthierístico que uso pra construir meus instrumentos. O verdadeiro diferencial está no processo pra entalhar e esculpir as formas na madeira. Em algumas das minhas guitarras escultura eu utilizo ferragens customizadas feitas com materiais que desconheço existir em luthieria industrial, como o inox e outros tipos de aço de maior resistência e durabilidade. Faço questão de utilizar madeiras brasileiras, e algumas das que utilizo são de uma virtuose incrível. Infelizmente são pouco usadas por não terem a mesma coloração das madeiras do hemisfério norte (maple, basswood), que tomaram conta do mercado nacional e condicionaram o gosto da maioria dos músicos nacionais já faz um bom tempo.



6-) Tem algum modelo em especial? O qual você elaborou e teve um apreço maior? Se sim, qual foi esse modelo?

Eu tenho um grande carinho por todas as guitarras escultura que fiz, pois cada uma delas passa uma mensagem diferente. Mas as que dão mais trabalho pra fazer e alcançam um resultado excepcional sempre marcam mais. Esse é o caso da minha guitarra PHOENIX FLYING V. Foi muito trabalhoso cortar aquele contorno e fazer aquela arte, mas quando eu criei aquele desenho no papel, eu não pensei em dificuldades e obstáculos: pensei apenas no resultado final, e esse resultado superou as minhas expectativas.




7-) Agradecemos sua presença no Guitar Tech, e para terminar pedimos que deixe uma mensagem aos seus fãs e leitores do blog. Muito Obrigado!

Gostaria de agradecer aos organizadores do blog, em especial ao Ramon por ter me dado a oportunidade pra falar diretamente para os seu leitores. Convido a todos para poderem conhecer o meu trabalho, tanto pessoalmente em meu atelier em Belo Horizonte, quanto pelo meu site, que estou trabalhando para cada vez mais melhorá-lo. Acho que todo músico e compositor busca fazer um contato com essas “dimensões” outras de realidade que a arte nos faz contatar, e o meu trabalho faz um convite para o músico se conectar com isso, ir além do standart e padrões de luthieria industrial, e sentir um pouco de uma energia que ultrapassa os padrões convencionais que estão muito mais preocupados com escalabilidade do que com personalidade.

Grande abraço a todos e obrigado pela atenção!





ROCK!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário