28 de maio de 2014

Entrevista :: Wagner Gracciano

Fala Galera!!!!

Mais uma entrevista bem legal, novamente em parceria com a Island Press, trazemos até vocês o guitarrista Wagner Gracciano, na entrevista o músico conta sobre sua carreira o conceituado álbum instrumental Across The Universe, projetos atuais e futuros, e muitos detalhes legais sobre sua visão de música e guitarra... Confiram!!!




1-) Conte um pouco sobre seu inicio na música e na guitarra, e qual a principal razão que o faz escolher a guitarra como seu instrumento?

Desde muito pequeno tive uma grande variedade de música em casa, tinha de tudo, mpb, clássico, metal, hard, pop, enfim, cresci escutando muita musica. Comecei com um violão velho, quebrado que ganhei de uma tia. Meu pai correu meio mundo para arrumar ele, e depois nao parei mais. Acho que escolhi a guitarra porque foi o primeiro instrumento que me chamou a atenção. Com uns 5 anos nao parava de escutar Beatles e Dire Straits.



2-) Quais eram os principais desafios e dificuldades da época? Conte um pouco sobre seus primeiros equipamentos e quais foram as suas primeiras influências musicais?

Quando comecei não existia internet, tudo eram os discos. Não tinha acesso a songbook, partituras, revistas, nada, era no ouvido, tentativa e erro. Ter uma guitarra na época era caro, então eu ficava amigo que qualquer um que tinha uma guitarra pra eu tirar uma lasquinha (risos).
Comprei minha primeira guitarra trabalhando com 15 anos com computador no Dear (Departamento de Arrecadação do Estado de Goiás), passei dois anos trabalhando só para comprar guitarra, pedaleira, essas coisas, ja era final dos anos 90, a importação estava mais fácil e o dólar pouco mais de 1 real.
Mas sinceramente foi um época mais real, a paixão por música era real. Tudo era mais difícil, mas a gente dava um valor muito maior. Todo mundo gostava de música de verdade, não de vídeos de 2 min. Existia competição do mesmo jeito, mas era tudo mais real, o contato humano, com o show ao vivo, e o valor que as pessoas davam as coisas era completamente diferente.




3-) Em qual momento de seus estudos musicais que você percebeu que a música seria seu meio de sobrevivência, e como foi encarar essa realidade?

Comecei a dar aulas com 14 anos, depois comecei a trabalhar e parei um pouco. Nessa fase da adolescência mexi com programação de computador, fiz dois anos de administração assim que formei, enfim, tentei tudo, mas a música não me largava. Depois comecei a tocar, aparecer um pouco mais, arrumar mais alunos, gravar, acompanhar cantores, entrei na faculdade de violão, enfim, parece que a coisa vai tomando forma. Não foi uma decisão, foi acontecendo e quando vi, já estava lá. Mas foi difícil, casei muito novo, com 20 anos ja tinha que sustentar uma casa. Assusta pensar que você vai depender de algo tão incerto como a música, mas Graças a Deus foi dando tudo certo. Mas é duro e muito frustrante música no Brasil, lá fora talvez seja um pouco também.
Música é muito complexo, pois você depende de certa forma da aceitação das pessoas pela sua arte, sem esse interesse nao gera um renda. A galera mais romântica pode falar que arte é algo subjetivo, que você nao tem que importar com a opinião das pessoas, mas a partir do momento que você é pago por isso e depende disso pra viver, depende sim da aceitação.




4-) Seu primeiro lançamento de um trabalho autoral foi o disco “Across the Universe” (2013), com influencias de rock progressivo, Hard Rock, Heavy Metal e Fusion, os elementos musicais são bem elaborados e sofisticados, como foi o processo de produção desse trabalho? E atualmente quais são os elementos que gostaria de priorizar para um futuro trabalho instrumental?

Eu sou realmente eclético, não é aquele caso que o cara fala que gosta de tudo, Malmsteen, Tony Macalpine, Jason Becker, e aí vai, ou seja, ecletismo aonde? (risos).
Foi natural que várias influencias, inclusive de coisas que as pessoas nem imaginam, fizessem parte do meu trabalho. Mas melodia é tudo pra mim, principalmente se levam as pessoas a sentirem algo mais imaginativo, levarem a mente a viajar, daí o lado cinematográfico, fora que sou doido por cinema também.
Muitas pessoas me falaram sobre isso, que devia fritar mais, mostrar técnica e fraseado no que está na moda hoje em dia, mas seria um trabalho frio, não seria o que realmente eu queria mostrar. Eu acredito em música com mensagem, e infelizmente a música instrumental fica devendo muito nesse aspecto.
O processo de produção partiu das melodias principais de cada música, então busquei partes que unissem essas melodias e criassem uma histórias entre as 10 músicas, fiz todas as prés completas, com os teclados, baixos e bateria, tudo em home estúdio, depois levei os arranjos prontos para cada músico, mas é claro que cada um contribuiu com sua personalidade e criatividade todos incríveis e de nível internacional como Guilherme Santana, Roberto Milazzo, Marcelo Rodriguez (meu braço direito), Bruno Rejan, Emanuel Gomes, Alex Parr e outras tantas feras.
Acho que vou descobrir ainda o que vai rolar nos próximos discos, estou pesquisando o tempo todo, com certeza vou encontrar uma história nova.




5-) “Across the Universe” é uma composição épica, com diversas passagens e atos musicais, algo bem comum no rock e metal progressivo, por se tratar de uma composição longa, como foi trabalhar ela? quais as técnicas e elementos de produção que você priorizou nessa composição?

A ideia inicial era contar a historia da humanidade pela visão bíblica, mas não buscando pregar dogmas, mas sim contando a história mesmo, do genesis ao apocalipse. Sou cristão, professo a minha fé, mas independente de qualquer religião, a bíblia é um campo fértil para visões cinematográficas.
Criei duas melodias principais, a primeira apresentei no começo do disco, em “Across the Universe part I”, a segunda vem já no começo do ato 1. Então apresentei essas duas melodias de várias formas, unindo as pontas com outros arranjos, tentando colocar um pedaço que lembrasse cada música do disco para criar um sentido de unidade. As 6 primeiras músicas tratam de cada aspecto da mente humana, correria dos tempos modernos, crises, fé, fúria, melancolia, e por fim, contando essa caminhada nos 4 atos finais.
Foi complicado, por que é igual um livro, você tem que fechar os capítulos, e nem sempre eles vem na ordem certa, é um trabalho de composição desafiante.




6-) Atualmente, o que você tem escutado e estudado, No momento, quais são suas principais influencias?

Sempre priorizei guitarristas que criassem músicas, num sentido mais amplo. Acho que quem presta atenção num guitarrista penas pelo improviso é igual um leitor que gosta de notas de rodapé, eu prefiro o livro todo.
Sempre fizeram parte do meu menu de guitarristas Mark Knopfler, George Harrison, Jimi Page, Jimi Hendrix, Steve Morse, Pat Metheny, Steve Lukather, Dan Huff, Brent Mason, enfim, seria uma lista de uns 60 nomes. Mas curto muita coisa que nao tem haver com universo guitarrístico, Rascal Flatts, Lady Antebellum, Dixie Chicks, Earth Wind & Fire, Tower of Power. Presto atenção demais no trabalho dos produtores, independente do artista, como David Foster, John Shanks, Mathew Gerard o próprio Dan Huff que deixou o lado guitarrista um pouco de lado e virou um grande produtor de Nashville, daria um livro.




7-) Algum patrocínio ou parceria com empresas do ramo musical que gostaria de ressaltar?

Tenho uma parceria muito bacana com a Roriz Musical em Goiânia e Island Press, que me ajudam muito em eventos, divulgação, além de muitos amigos. Estou estudando algumas marcas, mas quero fazer uma parceria que eu realmente acredite, não tenho pressa. Infelizmente o endorsement virou um mercado estranho, onde a pessoa é um artista de marca, não do seu próprio trabalho, creio no contrário, com o crescimento do meu trabalho e com naturalidade as coisas irão acontecer. Mas estou aberto a propostas.




8-) Algum novo projeto, ou lançamento que gostaria de mencionar?

Acabei de abrir uma escola que se chama Stage Music em sociedade com Geovani Fernandes um grande guitarrista de Goiânia, que na verdade foi um estúdio muitos anos, e agora transformamos numa escola com ambiente de estúdio, com vários cursos voltados para área. Estou divulgando o disco com workshops, shows, master classes, talvez pela perspectiva de composição o disco tem um repercussão bem maior no público internacional, isso tem aberto portas para fora do Brasil. Continuo com meu trabalho e estúdio, onde fundamentei boa parte da minha profissão gravando diversos artistas.
Esse ano tem muitos projetos se organizando, irão ser um pouco diferentes para o mercado guitarrístico atual, aguardem.




9-) Agradecemos sua presença no Guitar Tech, e para terminar gostaríamos que deixasse uma mensagem para seus fãs e leitores do blog.

Muito obrigado a galera do Guitar Tech foi um prazer falar com vocês, esse espaço é muito bacana.
Música autoral num mercado que privilegia o improviso e os covers é muito complicado, a impressão que tenho é que músico não gosta de música. Deixo para os leitores, fãs do meu trabalho e da Guitar Tech que escutem mais música, melodias, composição, a essência do artista. Música é arte, comunicação, expressão, resumir a música à pequenas frases de um improviso é muito triste. Como já falei em outras entrevistas, o produto do arquiteto é a construção, do escritor o livro, do pintor o quadro, do guitarrista nao deve ser apenas o pedal, a frase ou a técnica.
E por fim, escutem o disco “Across the Universe” inteiro, nao pulem para os solo (risos), está disponível no Itunes, Amazon, para baixar gratuito no soundcloud ou comigo mesmo nas redes sociais fisicamente.


Grade abraço a todos.

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