11 de junho de 2014

Entrevista :: Fred Andrade

Fala aí meus amigos!!!!

Seguimos com mais uma ótima entrevista, desta vez conversamos com Fred Andrade, um guitarrista de Recife muito conhecido por trabalhar ao lado de grandes nomes da música nacional e por composições bem regionalistas, Fred nos atendeu com muita naturalidade e humor contando alguns detalhes de sua carreira, tais como, início, profissionalização, equipamentos, shows e gravações, além de falar um pouco sobre seus planos futuros e também deu ótimas dicas para os amantes da guitarra!!!


Confiram abaixo a entrevista, espero que gostem, pois está bem recheada de fatos interessantes e dicas valiosas! Aproveito espaço para deixar aqui meu muito obrigado ao Fred, que atendeu ao Guitar Tech com extrema simpatia e atenção!!



1-) Detalhe um pouco sobre seu início na música e na guitarra, Quais foram as dificuldades da época? E quais foram suas primeiras influências?

Primeiro obrigado pelo convite. Fiquei muito feliz por ser lembrado.
- Comecei bem guri tendo aula de piano obrigado em Escola... Odiava aquilo ali .... Aí depois (doze anos) veio a guitarra e olha só: Comprar instrumentos era uma grande bronca no início de tudo. Os instrumentos eram precários demais e como a importação não existia, o jeito era a gente se adequar aos instrumentos nacionais mesmo. Tive algumas Gianninis e uma Diamond (essa era bacana). Material de Estudo também era pouquíssimo e me virava tirando as coisas de ouvido. O grande barato é que a dificuldade acaba por nos fortalecer e sinto que músicos daquela fase geralmente tem ouvido mais apurado e dão mais valor à pequenas coisas. Fazer um som com os amigos numa garagem sem ar condicionado já era uma dádiva cara....




2-) Em suas obras musicais é notável a presença da música regional, Na sua visão qual a vantagem do guitarrista estudar gêneros diferenciados, menos explorados pela maioria dos estudantes e profissionais da música?

Tudo comigo rolou naturalmente Ramon. Nunca parei pra arquitetar nada. Nunca pensei em me tornar uma cara diferenciado por esse lance Regional. Isso tudo foi através da convivência com artistas  que toquei. Aliás é uma coisa que me incomoda bastante. Depois de um ¨certo reconhecimento¨que obtive através do tempo, vejo algumas pessoas me procurarem para estudar música nordestina no intuito muito claro de ¨se darem bem ¨. E isso abomino com todas as minhas forças. Acho muito ruim músico fazendo tipo para agradar. 




3-) Qual é o principal fator que devemos ter para se tornar um bom músico?

Amar a música mais do que seu instrumento.




4-)Atualmente, o que você tem ouvido? E o que tem estudado?

Curto Rock sempre, sempre Led, Black Sabbath, Beatles, Floyd.... Esses escuto valendo ! Amo música erudita. Amo de verdade coisas como Villa, Ravel e Debussy . Sem isso eu não saberia harmonia e forma. Tem a música Pop também... Nela você aprende a formatar pequenas coisas. Aprende a embalar. Isso também admiro. A música regional me pega pelo Frevo e principalmente pelo Xaxado com suas divisões e sua força estética e de mensagem. Xaxado é nosso Rock. O Baião é o primo rico. Menos barulhento, mais sofisticado, mais enturmado na música brasileira como um todo.... Muita gente acha que eu toco Baião, mas eu sinto o Xaxado mais presente na minha onda.




5-) Você também explora outros campos da música, como o Jazz, na sua opinião qual a importância do estudo de gêneros musicais que priorizam um aprofundamento em termos de teoria, harmonia e improvisação?

 É como falei anteriormente. Sem a música erudita eu não saberia harmonia, não saberia tocar sem metrônomo.... Ela te ensina isso. Ela te ensina a pontuar as frases sem necessariamente precisar de um rítmo marcado o tempo todo. Já o Jazz não sei tocar, e acho que poucos guitarristas no Brasil sabem mesmo, mas me ensinou a pensar em escalas (e depois esquecê-las). Acho que todo músico deveria ter contato com uma porrada de gêneros , e de cada um deles aprender algumas lições... naturalmente a sua verdade vai se pronunciando e te levando para o lugar  que você já veio. O seu habitat mais natural.




6-) Falando um pouco de equipamento (guitarras, amps e pedais) Atualmente como está suas configurações? Costuma variar muito seus equipamentos para situações distintas?

Tenho um bocado de pedais antigos (maioria são Muffs e Fuzzes), mas uso um ou dois por vez e muitas vezes nenhum. Amp uso um que foi feito em Recife pela turma da Altovolts e é todo valvulado com reverb de mola lindo e tal... Não abro mão do meu amp nem pra ensaiar. Acho que é o pedaço mais importante da cadeia depois do músico. Guitarras tenho algumas fenders e Gibsons e ainda possuo duas guitarras assinadas por mim que são parte da minha estória de 13 anos que estive na Condor. 




7-) Possui parcerias que viabilizam seus projetos musicais? Gostaria de mencionar algumas?

Hoje evito endorssement. Essa coisa toda ficou muito estranha e acho que as empresas hoje estão pouco se lixando pra música. O pessoal quer saber a quantidade de visualizações que você teve no vídeo da semana passada , independente do som. Tenho visto campanhas muito vazias de empresas e de músicos e isso me desgostou. Muita gente despreparada assumindo postura de profissionais da área. O último contrato que assinei foi meu casamento que já não está fácil (risos)




8-) Como partimos para esse assunto de parcerias, atualmente no mercado musical está escancarado a relação empresa – artista, e os acordos que entre eles são feitos, muitas vezes isso até desvirtua o foco de carreira de alguns músicos, fazendo – os pensar exclusivamente nisso, perguntamos a você que possui uma experiência muito grande com música e já vivenciou algumas eras desse mercado, Qual sua análise dessa relação entre empresas e artistas? Você acredita que um patrocínio pode mesmo valorizar a carreria de alguém?
Acho que essa já respondi aí em cima. 




9-) Ao longo de sua carreira você acompanhou dezenas de artistas consagrado, tais como Heraldo do Monte, Elba Ramalho, Naná Vasconcelos e até mesmo Dominguinhos, todos também possuem fortes ligações com a musical regional e nacional, até que ponto esses trabalhos chegaram a influenciar nas suas composições?

Ter acompanhado músicos com essa linguagem me ajudou demais. Heraldo eu cheguei à fazer um show (nunca fui músico de estar junto à ele o tempo todo não), mas foi dele que ¨roubei ¨metade das coisas que faço hoje. Aprendi muito ouvindo e vendo Heraldo e acho triste quem não dá esse crédito pra ele.




10-) Atualmente, quais são suas influencias?

 Page, Hendrix, Heraldo, Robertinho de Recife, Beck, Debussy, Ravel, Villa, Guinga... Essas são eternas. Dos guitarristas novos escuto Dereck Trucks. Acho o Michell Leme o maior guitarrista atual do Brasil. Não tão atual , pois ele é bem mais velho que eu né não Michell.... (risos)




11-) Um outro fator que também tem marcado presença no mercado musical é a relação internet e os meios de produção através de softwares, hoje em dia ficou muito mais fácil gravar e divulgar um trabalho. Qual sua opinião sobre essa atual realidade? Qual a mehor maneira do artista se posicionar diante dessas novas ferramentas para conseguir atingir um bom público de forma ética e eficaz?

Facilitou, é ótimo e as vezes é um saco pois nivela tudo por baixo. O bom é que os ¨ligados ¨tão ligados em quem é o que., aí chega um ponto que os bicões postam vídeos e as Vivalmas num clicam nem por misericórdia. Louco é que tem gente que acha que tem um trabalho mesmo... Coisa doida viu.




12-) Agradecemos muito sua presença e colaboração com o Guitar Tech, e para terminar gostaríamos que deixasse uma mensagem para seus fãs e leitores do blog.

Ramon eu mais uma vez agradeço. Legal a gente poder falar sem censura né.... O meu conselho é: Vão tocar e ouvir. Só assim se descobre a música. Antes de quererem ser profissionais sejam amadores. Amem música.


ROCK!!!

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