13 de fevereiro de 2014

Entrevista :: Rafael Nery

Fala Galera!!! Tudo Bem????

Seguimos com mais uma entrevista, desta vez com Rafael Nery, uma grande revelação da guitarra nacional nos últimos anos...



Nessa entrevista Rafael revela detalhes de sua vivência como músico/guitarrista, fala do seu novo CD, que está próximo de ser lançado, fala sobre seu trabalho com aulas e cursos, patrocínios, projetos futuros, e muito mais...

Aproveito para agradecer a atenção do Rafael em nos atender e topar fazer esse bate papo conosco!!!

Confiram!!!




1-) Conte um pouco como foi seu início na guitarra, e quais os principais desafios que enfrentou nos primeiros passos?

                Bom, eu comecei a tocar guitarra quando eu tinha 13 anos ao ser influenciado pelas bandas de metal tradicional/melódico que estavam em muita evidência no início dos anos 2000. O Angra e o Shaman tinham lançado discos muitos fortes que eram o “Rebirth” e “Ritual” e aquilo ali me atingiu em cheio.  Acho que foi muito bom, pois aquilo me estimulou muito a estudar o instrumento e aperfeiçoar minha técnica, vamos dizer que foi um começo bem “saudável” do ponto de vista didático. Depois fui conhecer através de amigos e pela Internet outros guitarristas virtuosos e aquilo só serviu de combustível para que eu me focasse cada vez mais nos estudos.
              Acho que meu maior desafio foi o fato de eu não ter ninguém em minha família que seja músico/musicista e naquele momento eu estava completamente sozinho neste sentido, e ao mesmo tempo, não sabia direito o tamanho da briga que estava comprando, porém, no final tudo caminhou bem.


2-) Sendo um guitarrista da nova geração, você alcançou um destaque de maneira muito rápida, ao que você atribui esse repentino sucesso e quais são os melhores caminhos para se destacar nas condições atuais da profissão de músico no Brasil?

                Você tem de trabalhar muito duro, estou nesta há 13 anos e sempre soube que deveria dar o melhor de mim, sempre faço o meu melhor, mesmo que eventualmente venha cometer algum erro durante o processo. Quem está mais próximo sabe que eu já derramei muito sangue pelos meus trabalhos, coisas até que não voltaria a fazer, mas que foram cruciais para este resultado. Tenha paciência e se disponha a trabalhar neste ritmo que as coisas vão acontecendo ao poucos, não adianta se apressar, pois isto só irá te frustrar durante o processo.
                Outro ponto importantíssimo é a organização e administração de sua própria carreira. Isto envolve muitos aspectos e até mesmo um talento natural para ser um empreendedor desde o principio, não acho que o mesmo caminho funcionará para todos, mas você deve encontrar formas de ser criativo, entender seus pontos fortes e fracos , com humildade,  e extrair o melhor de cada situação.


3-) Atualmente você está trabalhando na produção do seu segundo cd solo, que conta inclusive com produtores renomados do cenário musical brasileiro, fale um pouco sobre essa produção e o que podemos esperar para esse lançamento?

         Este segundo trabalho representa muita coisa para mim, pois ele foi escrito quase que inteiramente em um momento difícil em que eu estava extremamente sufocado de trabalho e tudo aquilo começou a não fazer mais sentido, pois praticamente não estava mais conseguindo fazer o que me colocou neste ”mundo” musical  desde o principio que é a possibilidade de compor músicas e escrever meu próprio material. Da mesma forma que isto pode ser terapêutico,  para mim, é quase que uma necessidade. Eu segurei aquela carga de trabalho por muito tempo, até que chegou um momento em que percebi claramente que não deveria estar ali somente porque as outras pessoas consideravam que aquilo era uma boa oportunidade ou porque seria bom para a minha carreira, se eu tivesse que continuar sacrificando todo meu tempo livre aquilo tinha que mudar. A partir do momento que decidi isto,  mergulhei neste novo trabalho e nunca olhei para trás, pois o importante era fazer um grande disco.
                Musicalmente falando o disco trará muita coisa que não estava presente  no primeiro registro Say a Word de 2010. Agora temos a vibe de uma banda tocando e explorando muito mais o meu lado guitarrístico, riffs e solos que flertam com as influências mais recentes do meu trabalho. Tenho certeza que muita gente vai acabar se surpreendendo, pois não trata-se de um disco de Heavy Metal e sim de um Hard Rock/Rock com diversas outras influências. Falando na banda, o time é nota 10! Bruno Valverde (Kiko Loureiro) na bateria e Felipe Andreoli  (Angra) no baixo, eu não poderia pedir por uma cozinha melhor, não é mesmo? Além disto, o Felipe Andreoli está produzindo o disco todo desde o início e , com certeza, sua ajuda tem sido primordial com diversas ideias, dicas e supervisão no estúdio. Ele mesmo me incentivou a explorar mais meu lado guitarrístico, já que muita coisa ficou pronta inicialmente com violão e voz, a propósito, quero também mostrar minha evolução como cantor ao longo destes anos, pois este é um aspecto importantíssimo já que o disco é focado em canções e não teremos nenhuma musical instrumental, embora vários momentos interessantes de guitarra. Teremos também os teclados do talentoso Felipe Freire.
Ao ouvir o que já está pronto, tenho certeza que temos algo especial em mãos.  A qualidade dos timbres está sensacional, pois estamos gravando no Norcal Studios que eu acredito ser um dos melhores estúdios do gênero no país.

                                         Foto por: Miela Finger


4-) Em termos de equipamentos, guitarras, pedais e amps, como você configura seu set? Costuma variar muito de uma situação de palco para uma de estúdio?

                Neste aspecto, Eu gosto de ser o mais objetivo possível, não sou muito de ficar pesquisando milhares de timbres, muito embora,  admire quem tenha este talento.  Em vários workshops , acabo fazendo com somente um pedal que é o F!RE Ultimate Distortion. Uso guitarras Tagima há muito tempo, desde os meus primeiros anos como músico e muito antes de pensar em ser Endorsee deles. Geralmente é uma situação bem crua na Expomusic, chego no lugar com alguma guitarra de Tagima, o pedal e dois cabos da Sparflex e , na maioria das vezes, até sem Delay rs... muita gente até não acredita nisto e se surpreende, mas eu gosto da ideia de tentar extrair o som que eu preciso tocando e aí sim um equipamento bom vai valorizar e dar a cor necessária para aquela situação.
                No meu disco, praticamente nem usamos pedal, foi tudo direto nos amplificadores valvulados do Norcal Studios e em meu Home studio, costumo gravar em linha com as simulações do Logic Pro. É claro que não posso deixar de mencionar as empresas que me patrocinam e me fornecem os equipamentos necessários para meu trabalho: Tagima, Lost Dog, Avs Bags, Magna Luthieria, Solez, Sparflex e recentemente retornei para a F!RE!


5-) Ultimamente o que anda ouvindo e estudando?

       Pode parecer clichê, mas eu estou sempre aberto a todo tipo de música. Ando ouvindo muito um cara chamado Raul Midon que é um compositor, cantor e instrumentista fantástico e ao mesmo tempo, posso  ir ouvir um disco do Bruce Dickinson ou Chris Cornell – que são alguns dos meus ídolos – e no final do dia, acabar ouvindo um disco da Kelly Clarkson ou da Adele. Adoro este tipo de coisa, pois atualmente o meu foco é ouvir boas canções, acho que mesmo para quem trabalha com música instrumental, isto traz um senso melódico muito bom. A banda que me abriu os olhos ou ouvidos..rs para este tipo de coisa foi o Mr. Big – que é minha banda favorita, a propósito - , os caras são extremamente competentes como instrumentistas e tem canções muito boas. E de uma forma curiosa, tudo isto vai acabar refletindo no meu playing como guitarrista, pois percebo que ao longo dos anos, a técnica permaneceu, mas as frases e até mesmo natureza das ideias tem surgido em um caminho mais Swingado  e é basicamente isto que tenho tentado incentivar.


6-) Algum projeto ou parceria que gostaria de ressaltar?

        Na verdade, não. Embora, a gente nunca sabe o que possa acontecer, já que a vida pode acabar nos surpreendendo. Eu estou completamente focado em finalizar este disco, pois isto foi uma decisão crucial há dois anos atrás e estamos trabalhando muito duro para que seja o melhor álbum possível. Temos que conciliar muita coisa para que a coisa saia como esperado e , no momento,  estou com a grade alunos praticamente cheia, o que me deixa com pouco tempo disponível para realizar outras tarefas. No ano passado, estava montando um projeto de Rock/Fusion, mas também ainda não conseguimos organizar, quem sabe este ano façamos alguma coisa.  


7-) Quais suas principais influencias no início de sua carreira? E sobre as influencias atuais?

      Como disse anteriormente, eu vim de um background totalmente Heavy Metal e isto vai estar sempre incorporado em mim. Praticamente, ouvi todas as bandas que estavam no auge do metal melódico da minha adolescência e coisas como Iron Maiden, Queensryche e etc.  Passei pela fase Hard Rock e conheci bandas como o Mr. Big que mudaram muito a maneira como eu encarava a coisa toda, antes eu era muito fechado, muito conservador. E com uma banda mais livre para improvisações como eles, abri um pouco minha mente e entendi que cada performance era diferente. Atualmente, poderia citar: Raul Midon, Richie Kotzen, Greg Howe, Paul Gilbert , Soundgarden, Bruce Dickinson, Audioslave, Adrenaline Mob, The Winery Dogs e etc.
                                                     Foto por: Miela Finger
                                    
8-) Quais os fatores que considera indispensáveis para ser um bom profissional da guitarra?

                Além de ser um bom guitarrista, ele tem que , assim como nas outras profissões, ser pontual, saber se comunicar claramente, ser dedicado, estar sempre ligado no que está acontecendo, se renovar e principalmente: levar sua carreira muito a sério. Tocar muita guitarra é um dos passos, mas não garante um profissional bem-sucedido.


9-) Você também trabalha muito com aulas e cursos de guitarra, sendo esses presenciais ou online. No que contribui para o profissional da música o ato de lecionar? E aproveitando o assunto da internet, o que você acha da relação, música, profissão e internet, qual a opinião que você pode obter entre esses meios para um futuro próximo?

     Sim, as aulas de guitarra são de onde consigo a minha sobrevivência e graças a Deus, tudo está indo bem. Como disse anteriormente, estou com os horários praticamente cheios, a ponto de começar uma lista de espera, e o curioso é que atualmente a maioria dos alunos são online.  Com certeza, durante estas aulas, aprendo muito com os alunos e relações humanas e isto me estimula a refletir sobre como posso explicar um lick que faço ou alguma teoria de quantas formas diferentes forem necessárias para o aluno entender e isto acaba me trazendo automaticamente uma assimilação mais completa do assunto. Até baseado no que comentei no início da resposta desta pergunta, eu devo muito da minha carreira a Internet e muitos outros guitarristas extraíram um grande reconhecimento deste meio de comunicação, ela pode ser sim nociva para sua imagem e para quem busca um conhecimento se mal usada e mal filtrada, mas acredito que de uma forma geral, já chegamos no point of no return e quem não se adequar vai ficar para trás.




10-) É cada vez mais comum e natural, o músico além de tocar, saber gravar e editar seus próprios trabalhos, para você qual a vantagem que podemos ter quando também conseguimos dominar essa parte de produção musical?

          Envolve muito o que falei na resposta sobre administrar a carreira, quanto mais talentos você tiver, menos terceiros você acaba envolvendo no processo todo e o resultado sai de maneira mais rápida e fácil. Outro aspecto importante do aprendizado é que quando estamos gravando, sempre estamos avaliando coisas como timing, interpretação, pegada e gradativamente você vai corrigindo as possíveis falhas e se tornando um músico melhor.


11-) Para terminar, gostaríamos de agradecer sua atenção e pedir que deixe uma mensagem para os seus fãs e leitores do blog! Um abraço!!


                Eu que agradeço pelo espaço e fiquem ligados para as novidades de 2014. O meu novo disco estará disponível ainda este ano pela Black Records (www.blackrecods.com.br) e  muita coisa boa deve rolar! Continuem sempre incentivando canais como este, pois a guitarra nacional precisa cada vez mais de veículos especializados que valorizem músicos nacionais! Valeu!