20 de janeiro de 2016

Papo no Backstage :: A Exaustão que te leva a Perfeição!


Olá meus caros!!!?? Como vão vocês?

Hoje vamos levar um papo sobre como otimizar sua performance musical, como executar com clareza peças musicais e até mesmo estabelecer uma postura de palco mais segura.





Ok! Que música não é algo simples e que temos que ter inúmeras habilidades para executar até mesmo peças mais simples é um pleonasmo! Durante um show, um estudo, um ensaio ou qualquer função que você venha a desempenhar dentro do âmbito musical exige uma série de raciocínios paralelos, que no qual temos que estar sempre alertas para buscar extrair sempre o melhor de nossas performances, seja qual for a situação, e se isso envolver um público, sua responsabilidade aumenta consideravelmente.

Algum de vocês conseguem se lembrar do primeiro show, primeira apresentação? Bateu um frio na barriga certo? Rs... Toda estréia, toda novidade, qualquer coisa que fazemos pela primeira vez nos tira do nosso centro de conforto! É normal!

Mas não é esse exatamente o nosso assunto, voltaremos nesse ponto de performance ao vivo daqui algumas linhas, isso é muito importante, porém há alguns outros conceitos à serem considerados anteriormente.

É uma dúvida comum, eu já tive essa dúvida, e vejo ela voltar à minha realidade em aulas, workshops e outras situações!

As vezes o estudante (guitarrista) "trava" em uma parte da música e não consegue sair disso, ou as vezes o cara toca a música mas com uma execução não muito exata, como resolver isso?

É importante levarmos em conta que podemos estar em várias situações, improvisando, executando uma peça de autoria própria, ou interpretando uma música já existente, considerando nossas funções motoras, todas elas são tarefas difíceis, porém acredito que trabalhar peças de outros artistas seja uma questão mais desafiadora, afinal você está interpretando o raciocínio de outra pessoa, logicamente que sua maneira de pensar cria atalhos nas suas composições, coisa que dificilmente ocorre quando você imprime seu raciocínio sobre o trabalho de outro artista.

Então primeiramente é importante saber qual é sua função a ser desempenhada, se você toca em uma banda de covers, você terá que interpretar diversas linguagens e raciocínios musicais, se você trabalha com músicas próprias é importante saber todos os pontos e detalhes das suas execuções.

Existe alguns caminhos que você pode adotar que simplificam seus estudos.

Quando vou interpretar um tema, uma música de outro guitarrista, antes de pegar a guitarra escuto três vezes a música, primeira audição, apenas por ouvir e sentir suas sonoridades, ouvindo a música, vamos assim dizer com o ouvido "leigo"! A segunda audição eu vou grudar meus ouvidos na guitarra, nessa parte eu já entendo algumas propriedades rítmicas, tonalidades e técnicas. A terceira audição eu presto atenção na execução de outros instrumentos (bateria, baixo, vocal, etc...)

Parece besteira, mas dessa forma, você se posiciona melhor em relação ao que será executado, faça esse exercício, com certeza você dará alguns passos à frente nos seus estudos musicais.

Passado essa parte, você não irá fugir do tema principal dessa conversa que é a prática! Importante entender que a música tem toda parte emocional, criativa e sensorial, mas também é legal você entender até onde vai isso... Acredito que essa parte mais "sentimental" ou criativa se faz muito efetiva na parte de composição e improvisação. Que não chega a ser exatamente nosso papo no momento, estamos conversando sobre como executar bem uma peça musical e melhorar sua performance, então nesse ponto é importante entender que a música também é exata, também tem seu lado algébrico, é como se você tivesse que encontrar o X! É importante você entender e levar em conta esse lado incógnito da música.

Isso claramente é um costume particular, mas quando penso em execução, seja qual música for (cover ou autoral) gosto de pensar de forma matemática, assim direciono melhor minhas funções cognitivas.

Em primeiro plano é pertinente que você estude a música; De ouvido, por tablatura ou partituras, enfim, isso é uma questão bem particular, cada um tem sua maneira, passado essa parte, depois que você tirou essa música, vamos a parte da sua performance, buscando o máximo da perfeição nisso. logicamente você tem níveis à serem atingidos, em uma gravação por exemplo seu nível de exigência deve estar em alta!

Nessa parte vale a expressão, "No Pain No Gain! Você não fugirá de praticar horas e horas incansavelmente seu repertório. a busca pela boa execução sempre envolverá horas de prática e dedicação, isso obviamente varia do repertório à ser abordado, músicas com níveis de dificuldade maiores exigem mais tempo de treino.

Particularmente gosto de treinar da seguinte forma... gosto de tocar a música três vezes, uma no beat exato dela, outra com -10 no beat, e a terceira execução com +10 no beat, variando os andamentos, treinar mais lento te faz enxergar melhor os pequenos detalhes, treinar acima do beat te trás um limite mais expansivo em termos de técnica e treinar no beat mantém você no andamento da música.

E faço isso repetitivamente fazendo geralmente 5 sessões dessas três execuções acima citadas, na segunda execução faço - 20 beat, no beat e + 20 beat, na terceira -30 no beat, no beat exato e na terceira execução +30 no beat... e vou aumentando essa distância, dependendo da música chego a trinar com 50 bpms de variação, exemplo... se a música é em 135 bpms, treino em 85 bpms, 135 bpms e em 185 bpms, é uma margem grande de disparidades nos bpms, isso me permite uma prática mais segura.

Claro que, tudo isso guardadas as devidas proporções, as vezes tenho uma gig para a próxima semana e em questão de tempo esse estudo acaba sendo inviável, pois dessa forma não teria tempo para estudar todo e repertório, e logicamente determinadas músicas não possuem um nível técnico tão alto, possibilitando serem resolvidas de maneiras mais práticas.

Aplico esse estudo para meu repertório instrumental e gravações, como o pessoal já tem conhecimento eu curto muito tocar música instrumental, autoral e cover, logicamente são músicas difíceis de se tocar, então o estudo há de ser mais pragmático.

Geralmente uma semana antes de um workshop, ou show com meu trampo instrumental começo essa rotina, fico muito atento em relação aos covers que executo, pois como havia dito à vocês, um cover é uma interpretação de uma outra ideia, é sempre mais trabalhoso.

A música instrumental é rica em mínimos detalhes e recheadas de passagens e passagens! temos que suprir a ausência de um vocal, dessa forma a guitarra naturalmente se sobrecarrega, é importante estar com todos esses detalhes detalhes minimamente resolvidos.

Nesse ponto falaremos um pouco da questão de apresentações, seja qual for sua gig, você nunca estará  com sua capacidade em 100%! Sim... não sejamos inocentes... uma coisa é tocar trancado no quarto, outra coisa é enfrentar um palco e estar exposto à diversas situações.

A questão emocional pode te abalar, uma estrutura de palco não confiável pode te abalar, algum problema que ocorra no seu equipamento pode também te abalar, enfim... qualquer coisa pode tirar um pouco do seu foco e atenção no show, isso pode gerar algumas situações desagradáveis ao vivo e é bom evitá-las!

Dificilmente subo ao palco 100% tranquilo, já tive minhas primeiras gigs, onde a estréia me assustava um pouco, isso hoje não me atrapalha mais, porém se vou fazer uma data com meu trabalho instrumental, sei que as peças musicais são de difíceis execuções, sei que o público de música instrumental é mais específico e entende de música, sei também que nesse tipo de repertório o erro e o acerto estão lado à lado, além disso tenho que estar atento as performances, repertório, troca de efeitos e equipamento... é muita coisa na cabeça, combinadas com duas dezenas de músicas com um trilhão de notas e escalas cada uma! Rs!! Então obviamente que o sujeito não vai estar 100% 'zen' na sua função.. Há uma preocupação, há de se ficar atento e apreensivo com as execuções, essa parte emocional te desloca do 100%, E se você se prepara apenas para o suficiente, você tem grandes chances de se ferrar! O que quero dizer, sendo bem direto.. se prepare em 150%, se achar necessário, se prepare em 180%, temos que parar com essa mania idiota e antiprofissional de pensar que na hora as coisas acontecem, pensando somente no substancial, uma hora você pode acabar caindo do cavalo! Equipamento!!! sempre se atente, alguma coisa pode dar pau! um cabo, um pedal, uma corda, sempre esteja preparado para agir de forma rápida e profissional em todos os sentidos, não dependa da sorte! leve cordas de reserva, leve duas guitarras pra gig, tenha cabos de reserva, e esteja pronto caso ocorra algum problema, o público não tem nada com qualquer perrengue que você ou sua banda possa passar, o público quer música, e sua função é trazer isso à eles, faça isso com o mínimo de excelência. Estando pronto em 150% qualquer situação emocional ou de equipamento que venha te abalar você ainda tem uma boa margem de segurança... lembre-se! É tudo uma questão matemática, aprenda os princípios da aritmética e seja um bom profissional.

Outra questão crítica são as gravações, entenda que uma gravação é algo que as pessoas vão ouvir várias vezes, nesse quesito seja exagerado, pense que você é o artista mais renomado da música e zilhões de pessoas vão te ouvir em todos os lugares à todos os momentos! Por que pensar assim? Por que você precisa pensar como o melhor para ter seu melhor, dessa forma você engrandece seu trabalho e coloca uma responsabilidade muito maior, você pode ser um artista local, mas seu desempenho e comprometimento, seriedade com o trabalho deve ser de um artista conceituado.

Nessa situação sempre vale o treino de variáveis de bpms, executando exaustivamente as peças musicais em vários andamentos! Quanto mais você aumenta a disparidades dos bpms, mais aumenta sua habilidade racional em relação as propriedades rítmicas. Imagine um garçom... O que é mais difícil? Carregar uma bandeja com dois copos, ou duas bandejas cheias de copos e pratos? Entende a situação?

Em uma gravação seja criterioso! Esteja atento à tudo... Partiture suas músicas, para que você possa enxergar todas as propriedades rítmicas, em uma gravação é importante você "enxergar" tudo...e com muita clareza, assim seu desempenho será cada vez melhor.

Leve em conta também,,, questões físicas, emocionais e mentais, as vezes você vai gravar depois de um dia inteiro de trabalho, ou você tem uma data agendada e alguma coisa desagradável aconteceu, tudo isso vai lhe tirar do seu 100%, esteja acima disso, para que qualquer eventualidade que ocorra ainda te mantenha apto para executar suas funções com o máximo de perfeição! Procure a exatidão, se atente à rítmica, considere a interpretação e tente ao máximo extrair o seu melhor em qualquer situação que você esteja!!!



ROCK!!!

2 comentários:

  1. Ídeia muito maneira. Sempre pensei mais ou menos assim, 100% não é suficiente! Parabéns pelo blog, vou começar a acompanhar!

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  2. Siim!!! Theophanes!!! Com ctz... acho que já vi vc por ai! Acho que já respondi uns comentários seus no Guitar Coast... muito legal que está acompanhando nosso trabalho... isso é muito bom... é sempre um prazer dividir minhas ideias com gente assim como vc... que se interessa por música e guitarra...

    Sim... a ideia é essa faz parte do amadurecimento e profissionalismo pensar acima dos 100%, terá situações em sua vida que independente do que aconteça vc terá que fazer um trabalho eficiente.... as coisas são assim, para se garantir em todas situações temos que estar acima dos 100%...forte abraço!

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